domingo, 24 de abril de 2011

Let it be!


Não sei vocês, mas penso, e acho que muita gente já pensou isso também: tudo que precisamos na vida é de alguém para chamar de teu/tua. Acho que alguém já falou isso em alguma música. Isso nos faz bem, te faz sentir importante, talvez. Mas, aprendemos na vida que todo lado tem seu outro lado. É aquela história... podemos ver o copo meio cheio ou meio vazio, depende do seu olhar. Expressões como “ter”, “meu/minha”, “seu/sua” implica posse, seja isso bom, ou ruim. 

Pelo lado bom, a posse nos remete a união, a ter alguém que você pode contar, a uma relação onde fácil, fácil, você pode substituir o “eu” pelo “nós”. E quem não quer isso? Imagina só: Chegar de uma jornada cansativa de trabalho em casa, e descobrir que seu amor esta lá, pra você, te esperando. Seu. Só seu. Hum... Agora vamos pensar pelo lado negativo. Posse é apenas... Posse! Poder. Domínio. Disputa. Uma relação onde a hierarquia prevalece, e onde os sentimentos envolvidos, embora fortes o bastantes, ou que pensamos ser, não se sustentam. Ou até se sustentam, se isso for da conveniência de ambos. 

Mas sejamos sensatos, caros leitores, se pensarmos só mais um pouquinho, chegamos a uma conclusão... uma dura conclusão. Doce ilusão essa nossa de que as pessoas nos pertencem. Não somos de ninguém, nem de nós mesmos... somos multidão, somos solidão. Vôo e prisão... Ter uma pessoa especial em sua vida não significa: “sou dono dela!”. Tal fato, tampouco implica que ela permanecerá na sua vida. Quiçá para sempre. “Se você ama uma pessoa, deixe-o livre”. A arte de ser livre, de deixar ser... Não é aquele deixar displicente e desinteressado. É uma liberdade zelosa, que cresce, que muda, que acrescenta. A liberdade de ir e vir sem machucar, que deixa saudade e te faz voar, voltar... ficar. 

Isso me fez lembrar da história da menina que comprou um passarinho. Ela cuidou do passarinho, encheu sua gaiola de comida, de água... ela se sentia feliz, o pássaro talvez até se sentia confortável... mas os pássaros não foram feitos para viverem em gaiolas... os pássaros são do céu. A menina então resolveu soltar o passarinho, deixá-lo ir. E se alegrou, ao ver o vôo de liberdade do amigo. Somos pássaros. Pássaros engaiolados. Mas não fomos feitos para vivermos engaiolados nas gaiolas que nós mesmos criamos. Somos livres. Só assim, seremos felizes quando capazes de entender isso. Troquem meus pés por asas. Já não me limito a correr. Eu pertenço aos céus. Posso voar. E essa, é mais uma dura lição da vida... Mas a menina ainda pensa... será que algum dia, quem sabe um dia, o passarinho vai encontrar o caminho de volta? "Se ele voltar é seu. Se não, nunca foi... (BACH)".

4 comentários:

  1. Muito bom! Parabéns de novo, Rodrigo. Ótimos textos... acho que vou atualizar meu tumblr! rs

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  2. Isso me lembrou a conversa que tínhamos uma tarde dessas, eu, R., S., F., e outros...Tentávamos chegar a conclusão da veracidade dessa frase: "Se ele voltar é seu. Se não, nunca foi.."
    Não chegamos a conclusão alguma, infelizmente!
    Talvez teremos que esperar o tempo dizer-nos!

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  3. Como "se voltar é SEU" se "não SOMOS de ninguém, nem de nós mesmos"?

    As pessoas nunca são nossas, elas ESTÃO por um tempo* nossas, e vice-versa.

    Como usar palavras repletas de gesso e concreto como: É e SER, quando se trata de coisas tão dinâmicas? o ser humano é um eterno ESTAR, está isso, está aquilo, está com um, está com outro... (:

    *Sobre tempo não se discute, o pouco ou muito vem das particularidades, do quanto precisa pra ser suficiente pra cada um.

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