quarta-feira, 20 de abril de 2011

Singelo



Carrego dentro de mim uma caixinha... uma caixinha simples, de madeira, pintada à mão de cor lilás, não muito grande. Grande o suficiente para caber o que preciso. Grande o suficiente para caber uma vida inteira... Abro-a. Encontro uma história, um amor, uma porção de livros, muita vontade de viver e uma janela de sonhos. 


A história é longa, é doce, é difícil. Quem disse que viver é fácil? A história só é história porque alguém viveu pra contar. É a história de uma vida, dividida em vários atos... comédia ou tragédia? Ambas fazem parte do teatro da vida. Ambas são fantásticas. Mas a história esta inacabada... ainda não se escreveu o fim. Que bom! O que levo da vida é a certeza de que não tenho certeza alguma. A certeza é inacabada. Inacabada como todos nós somos... Em meio a tanta incerteza, posso confiar nos meus sentimentos. Algo que vem não sei de onde, e brota onde menos se espera. Apesar de não saber, e ter certeza de que nunca saberei, sobre o que é desconhecido, posso vivê-lo. Posso confiar. Aí entra o amor. Veio para eternizar a história. Que seja eterno enquanto dure? Então que dure eternamente! Amor. Que palavrinha... simples, complexa, falada. Nada de palavras. O amor é um amor vivido... um amor que vejo, que posso sentir. 


Vasculho um pouco mais a caixinha e encontro a porção de livros que carreguei até agora... Livros, outra forma de eternizar a história. Talvez livros e amor tenham uma semelhança que nunca imaginei ter. E como é prazeroso... como é bom viver, e como é bom ler, como é bom amar. Posso viajar por inúmeras horas os lugares que quiser, os planetas que sempre quis conhecer... posso viajar até para onde não conheço, onde não existe, onde invento. 


Abro a janela... lá estão os sonhos. O tempo todo se modificando, apontando para um futuro que é desconhecido, mas que é querido... é desejado, é sonhável. Sim, é possível. Por isso sonhar é importante... porque mostra que é possível estar acordado com os pés no chão, e ainda sim, podemos abrir as asas e voar para um futuro possível, muito embora a vida mostre o contrário. O que é nossa vida então? Uma longa história com fim certo e incerto, esperado e totalmente inesperado, é um fim sem um fim. Pensar no fim também é pensar na vida... mas por enquanto vou vivendo. Quero viver pra ver, pra crer, pra sentir, pra ter sentido... 


Quem sabe um dia eu revire a caixinha novamente... com o que vou me deparar? Com o que foi vivido... com mais histórias escritas, com mais amor, com mais bagagem... e ainda assim, caberá tudo dentro dela...

Um comentário: