terça-feira, 14 de junho de 2011

O sofrer feliz

Tem uma fase da vida de cada pessoa, que apresenta uma alegria tão constante que fica até difícil pensar se tudo isso é completo ou um pouco de felicidade aparente. Fato é que, nessa fase da vida, a gente passa a pedir bem pouco a Deus, já que tudo parece estar definitivamente maravilhoso. Outrora, vivemos momentos de nos fazer acreditar que tudo anda tão mal que chega a parecer impossível resolver tanta tristeza.
        Não sei bem em que momento da vida você viveu ou viverá este momento ímpar de contradição, isso porque podemos viver momentos iguais ainda que em tempos diferentes. O que é importante pensar, é que há um momento na vida em que você passa a enxergar o sofrimento como algo feliz! Acho que não preciso pedir para serem pacientes ao fazer esta leitura, o que quero dizer é que até o sofrimento é variável, nem todo sofrimento é tão ruim, assim como nem toda alegria é imensa. De certo, há motivos na vida para sofrermos que é passível de escolhas... Você pode sofrer ou NÃO. Mas, se esse sofrimento pode ser escolhido, ele pode também existir de um jeito contraditório. Quem nunca sofreu por amor? Quem nunca frequentou festas e mais festas a fim de esquecer um grande amor? Quem nunca cantou de olhos fechados àquela música que mais te trazia lembranças ruins do que lembranças boas? Quem nunca saiu com as amigas apenas pra ter a possibilidade de passar horas falando da mesma pessoa, na tentativa frustrada de esquecer?
        Aposto que todos estão sorrindo positivamente para as perguntas, que não de modo curioso, mas de modo igual viveu também tudo isso... É assim. O que acredito depois de algumas experiências, tanto minhas como de amigas e amigos bem próximos... É que há sofrimento feliz... Decidimos muitas vezes esquecer de sofrer especificamente por alguém, pra cantar músicas lindas de amor, para o amor futuro, e não para o ex-amor. Nós ‘roemos’ (roer – ato de lembrar, ter saudade, sofrer) pelo que ainda não existe, mas de um jeito bom. É divertido roer, quando não se tem motivos, quando a dor não é real. É divertido rir do nosso sofrimento, quando sabemos que ele é fingimento nosso! Assim, trabalhamos nosso espírito para que quando algo real acontecer, tenhamos em mente que há muitas formas de sofrer, e que entre tantas formas, o melhor a fazer é sofrer de um jeito mais feliz.
        Se isso for uma tática ilusória, que ela pelo menos nos torne mais fortes durante a fraqueza. Conclusivamente, quando se sofre e se nega o sofrimento, ele potencializa, quando se sofre ou não se sofre, mas se brinca de sofrer feliz, ele minimiza ou simplesmente, inexiste! Afinal, “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe”...